quarta-feira, 29 de abril de 2009

3 dias depois perguntaram-me

Onde estavas no 25 de Abril 1974?
Tinha 11 anos, não tinha consciência do que se passava no país e no mundo, não sabia o que era um regime opressor, não sabia o que era uma ditadura, tinha liberdade para brincar na rua, saltar à corda e ao elástico e isso bastava-me...

Lembro-me de a minha mãe ficar aflita porque o meu pai saiu para trabalhar e era melhor ficar tudo em casa a aguardar os acontecimentos, ouvia-se atentamente as noticias na rádio e na televisão, lá em casa murmurava-se o medo de uma guerra civil...tantas palavras que ouvia pela primeira vez...no entanto o medo rapidamente desapareceu e o entusiasmo foi crescendo, as imagens eram fortes e marcou-me a multidão que gritava -
" O povo está com o MFA, o povo está com o MFA" - estão a libertar os presos políticos, acabou a PIDE...viva a Liberdade! Tudo aquilo me parecia bom sem saber explicar porquê...

Mas afinal onde estava eu no dia 25 de Abril de 1974?
Estava deitada numa cama, com papeira...sentia-me mal! O maior susto até então, quando olhei para uma cara que não parecia a minha de inchada e transfigurada...e para cúmulo, outro murmúrio que se ouvia e ecoava na minha cabeça
"a nossa ninita já é mulherzinha!" - péssima maneira de ser mulher...inchada, feia... chorei! Logo eu que queria ser criança para sempre, e quando uns meses antes a minha mãezinha me explicou essas coisas de ser "mulherzinha" disse resoluta que não queria nada disso...

Revolução dos Cravos Vermelhos (até a cor dos cravos? parecia de propósito!!!) A minha revolução, inesquecível marco na minha vida, verdadeira revolução na minha cabeça!
Todos gritavam Liberdade...por uns tempos pensei que tinha perdido a minha...

7 comentários:

Gabriela... disse...

heheheheh
Eu ainda não era nascida... nem pensada!
Provavelmente a minha mãe ainda gosta-se de bicicletas e o meu pai de correr pelos montes a apedrejar os miúdos das aldeias vizinhas.
Ainda lhes vou perguntar que estavam a fazer no 25 de Abril.
Jinho

P.S. Também já tive papeira, odiei!

Unknown disse...

eu ainda andava no mundo dos anjinhos... mas acho que os meus pais ja se conheciam... hihihihihi

bjinhos karinhosos
Karoxinha

ps... um ano bem vermelho para ti :S

APO (Bem-Trapilho) disse...

devem ter sido mesmo tempos incriveis. eu não passei por isso. sou filha da liberdade. esses "nervos" vivi-os na barriga da minha mãe, com o meu pai militar, "preso" no quartel.
bjo grande

Sandra disse...

Olá Albana!

Não pude deixar de sorrir ao ler o teu post.

O dia 25 de Abril de 1974, para ti, foi de facto um dia de mudança, mesmo a nível pessoal ...

a infância ficou para trás e uma boa "dose " de papeira, bom ...

além de tudo o resto que se vivia no país ... foi dose amiga :)

Inesquecível mesmo!

Eu não sei que fazia, tinha um ano e pouco, possivelmente estava a "melgar" o meu mano ... ehehehe

Beijo grandeeeeeeeeee e um excelente FDS prolongado ;0)

Paula C. disse...

Que engraçado o teu post. Eu tinha nove anos e lembro-me das mesmas coisas, brincar na rua, a nossa liberdade era isso, mas tenho bem presente aquele dia e os que se seguiram. Gosto da sensação de ter vivido aquele dia, é inesquecível!
Tento transmitir aos meus filhos, mas não é a mesma coisa, só quem viveu!

Beijinhos e bom fim-de-semana,

Paula

PB disse...

Eu ainda não existia... Felizmente nunca tive papeira!
Beijinhos

Sandra disse...

Feliz Dia da Mãe!

1000 beijinhos